O presidente Gustavo Petro critica Donald Trump: "Ele está usando o tráfico de drogas como desculpa para uma invasão militar."

Durante a reunião dos países-membros do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), realizada em 22 de agosto, o presidente Gustavo Petro lançou uma farpa contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump , e sua recente decisão de enviar navios para a costa da Venezuela.

" O narcotráfico está sendo usado como desculpa para uma invasão militar ", afirmou Petro em seu discurso, referindo-se a um tema um pouco diferente: a presença de grupos armados dedicados ao tráfico de drogas na floresta amazônica.

O presidente colombiano falou sem citar nomes, mas fez clara referência à estratégia implementada pelos Estados Unidos nas proximidades da Venezuela.

"É absolutamente essencial que os ministérios da defesa, os exércitos e as agências de inteligência policial da América do Sul e do Caribe se coordenem para enfrentar o narcotráfico e as máfias, sem que isso se torne uma desculpa para invasões estrangeiras ", observou.

O presidente dos EUA , Donald Trump, enviou três navios de guerra para perto da costa da Venezuela como parte de seus esforços para combater o narcotráfico, disse à AFP uma fonte familiarizada com a operação na quarta-feira, 20 de agosto.

A mobilização ocorre depois que o governo Trump aumentou a recompensa para US$ 50 milhões por "informações que levem à prisão" do presidente venezuelano Nicolás Maduro, que é acusado pela justiça dos EUA de supostos vínculos com o tráfico de drogas.

Os três navios, equipados com sistemas de mísseis guiados Aegis, estão se dirigindo para águas do Mar do Caribe, perto da Venezuela, disse à AFP a fonte, que pediu anonimato.

A imprensa dos EUA informou que Washington também planejava enviar cerca de 4.000 fuzileiros navais.

Washington rejeita as duas últimas reeleições presidenciais de Maduro e o acusa de liderar o chamado Cartel dos Sóis, que considera uma organização criminosa.

A Casa Branca disse na terça-feira que Trump usaria "todos os meios" para impedir o tráfico de drogas quando questionado sobre a possibilidade de enviar tropas ao país latino-americano.

Em conversa com outros líderes regionais, incluindo Lula da Silva e Luis Arce, Petro propôs a criação de uma conferência de segurança para a América do Sul, América Latina e Caribe para elaborar estratégias conjuntas para enfrentar ameaças comuns, como o tráfico de drogas, o enfraquecimento da democracia e a destruição da floresta amazônica.

"O tráfico de drogas não só mina democracias, como no Haiti, como também ameaça destruir a Amazônia e, com isso, causar o colapso climático global. A segurança da floresta tropical é a segurança da humanidade", insistiu.

As declarações de Petro ocorrem poucos dias depois de ele ter defendido o presidente venezuelano por meio de sua conta X, descartando a existência do chamado "Cartel de los Soles".

"Quem controla o tráfico de cocaína pela Venezuela não é o 'Cartel dos Sóis'. Isso é mentira, como as armas de destruição em massa do Iraque, e só serve para invadir países", disse ele no tuíte.

O presidente colombiano acrescentou que as rotas do narcotráfico que passam pela Venezuela são controladas pelos mesmos grupos que operam em territórios colombianos, como Catatumbo, os Llanos e a Savana de Bogotá. Segundo Petro, essas estruturas são conhecidas há algum tempo pelas agências de inteligência americanas e europeias.

María Paula Rodríguez Rozo

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